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    quarta-feira, 30 de maio de 2007

    BARTÔ GALENO - DISCOGRAFIA (ANOS 70)


    Confesso que as pérolas da minha infância eram ouvir estas magníficas canções. Era curioso, pra mim, ainda menino, verificar o estado de transe dos que ouviam tão pujantes canções.

    As calças apertadas, comprimindo os ovos, o maço de cigarros preso no ombro da camisa, os sapatos lustrados e semi-empoeirados, as cabeleiras. Isso era a parte estética, no âmbito da ética pululavam cafajestes que faziam mocinhas sofrerem de amor, e estes mesmos cafajestes sofriam com chifres e recusas amorosas. E o sofrimento era o novelo onde era tecida toda a cosmogonia daquela geração. Porque sofrer edificava. Ouvir canções que falavam, com ironia e humor, da dor de amor, uma dor construída, que não machuca de fato, apenas cria uma alegoria de um sofrimento de que todos precisamos para estarmos atentos, para sermos fortes, para aceitarmos menos tragicamente a morte da mãe, do irmão; do filho, Deus meu! As mesmas amigas que se felicitavam e alcovitavam a amiga a trair o namorado choravam ao lado dela quando era ela a traída. Todos eram atraídos por este jogo, e ainda o são.

    Afora isso, belos poemas de amor, reflexões sobre o homem de seu tempo, artistas inteligentes sem o ranço do iluminismo elitista e eurocêntrico. Depois das gerações dos 30 e 40, com magníficas canções e sapientíssimas interpretações da alma brasileira, da alma das ruas, a geração dos 70 foi o nosso último suspiro. Depois disso... o silêncio, o axé e o trance!


    Por Lelê Teles.


    (1975) Só Lembranças


    Faixas:

    01. Só Lembranças
    02. Esta Noite Eu Preciso Te Amar
    03. Nesta Casa Onde Morou Felicidade
    04. O Que Passou Deixa de Lado
    05. Tudo Isso Porque Te Amo
    06. Não Deixe Nada Pra Depois
    07. Procuro Esquecer Que Te Amo
    08. Coisas da Vida
    09. Nosso Amor Já Morreu
    10. Iza
    11. Voltei
    12. Palavras Perdidas

    linque


    (1977) Pelo Menos Uma Palavra


    Faixas:

    01 Pelo Menos Uma Palavra
    02 Esta Saudade É de Você
    03 De Que Vale Minha Vida Agora
    04 Sorriso de Moça
    05 Ela Não Vem
    06 Longe de Você
    07 Eu Quero
    08 Querem Separar-me de Você
    09 Vou Tirar Você Daqui
    10 Sandrinha
    11 Sidreira Viva
    12 Você Vai Partir
    13 Não Estou Sozinho

    linque


    (1978) No Toca-fita do Meu Carro


    Faixas:

    01 No Toca-fita do Meu Carro
    02 Novamente
    03 Que Amor Danado Que Arrumei
    04 O Grande Amor de Minha Vida
    05 Você Vai Se Arrepender
    06 Pense, Meu Bem
    07 Adeus, Solidão
    08 Não Vou Voltar Atrás
    09 Você Me Pertence
    10 Lembranças do Rei
    11 Velhos Tempos
    12 Seja o Que For
    13 Amor e Desprezo
    14 Maria, Maria

    linque


    (1979) Tudo É Nada Sem Você


    Faixas:

    01 Tudo É Nada Sem Você
    02 Sorriso Forçado
    03 Problema de Amor
    04 Imensa Euforia
    05 Momentos Coloridos
    06 Quem Ama Tem Ciúme
    07 Você
    08 Vem Ficar Perto de Mim
    09 Saudade de Rosa
    10 Onde Andará Meu Amor
    11 Ninguém Além de Você
    12 Assim Não Dá
    13 Que Vontade de Te Ver
    14 Violão Amigo

    linque

    domingo, 27 de maio de 2007

    FALCÃO - (2006) WHAT PORRA IS THIS?

    "What Porra Is This?" é o oitavo CD de Falcão. Se um dia existiu Mamonas Assassinas e Raimundos, é graças à cara-de-pau do gigante Falcão.

    "What Porra Is This?" apresenta todas as marcas registradas de Falcão. Filosofia para as massas, esculhambação da "inteligência nacional" e bom humor. São onze composições próprias e uma regravação da espetacular "It's Not Mole Não (Severina Cooper)", de Acioly Neto.

    Para ouvir de cabo a rabo.


    Faixas:

    01 Pato Donald no Tucupi
    02 Amanhã Será Tomorrow
    03 Fome Zero-A-Zero
    04 Quem Não Tem Cão Não Caça
    05 Doa a Quem Doar
    06 Desculpe Ter-lhe Visto
    07 Horóscopo
    08 Alguma Coisa Acontece no Meu Bucho
    09 A Sociedade Não Pode Viver Sem as Pessoas
    10 Severina Cooper
    11 Ordem e Progresso
    12 Doze Perguntas Que Podem Cair na Prova

    linque

    ALÍPIO MARTINS - (1997) GRANDES SUCESSOS

    Quando a lôra do Calypso ainda fedia a mijo, Alípio Martins saiu do Pará pra substituir Roberto Carlos como o maior cantor do Brasil. Se não tivesse morrido, teria feito com certeza. O "Rei" se cagava de medo.

    (...) Alípio era foda! Ninguém no brega brasileiro foi mais inteligente, mais saliente e mais humorado que Alípio Martins...


    (Fonte: Blogue Guabiras.)


    Faixas:

    01. Onde Andará Você
    02. Garota
    03. Vem Me Amar
    04. Pra Mim, Você Morreu
    05. Oh! Darcy
    06. Você é Minha Paixão
    07. Você é Que Sabe
    08. Só Você
    09. Carta de Amor
    10. Louco de Amor
    11. Essa Garota é Minha
    12. Separação
    13. Não Chora
    14. Raios de Sol

    linque

    segunda-feira, 21 de maio de 2007

    BARTÔ GALENO - (1998) SELEÇÃO DE OURO (20 SUCESSOS)

    Bartô de volta...

    E essa pra não restar dúvidas! Uma coletânea de responsa deste grande nome de nossa música popular(!) Depois do primeiro lançamento do MÚSICA DAS ANTIGAS, e após tantos pedidos, e outras tantas atitudes reacionárias estranhas via recados no Orkut, vai agora essa... Mas é de cum força!! Só de raiva!!

    Fora as infinitas e inconclusivas discussões acerca da música popular, suas questões estéticas, dos limites do "bom-gosto", da "música de qualidade" etc etc etc, parece estranho que essa querela leve pessoas ao incômodo e ao mal-estar. Como pode uma expressão musical pura e despretensiosa causar tanto furor? Bartô deve estar rindo agora... E tomando todas pra acompanhar.

    Quando perguntado certa vez se gostava de ser chamado de brega, respondeu: "Eu aceito, porque o nosso país é brega".

    Nenhuma palavra mais.


    Faixas:

    01 Pelo Menos Uma Palavra
    02 Sorriso De Moça
    03 Vou Tirar Você Daqui
    04 De Que Vale A Minha Vida Agora?
    05 Querem Separar-Me De Você
    06 Tudo É Nada Sem Você
    07 Momentos Coloridos
    08 Vem Ficar Junto De Mim
    09 Sorriso Forçado
    10 Você
    11 Só Lembranças
    12 Procuro Esquecer Que Te Amo
    13 Esta Noite, Eu Preciso Te Amar
    14 Coisas Da Vida
    15 Nosso Amor Já Morreu
    16 No Toca-Fita Do Meu Carro
    17 O Grande Amor Da Minha Vida
    18 Você Me Pertence
    19 Lembranças Do Rei
    20 Adeus, Solidão


    sábado, 19 de maio de 2007

    FRANCISCO CUOCO - (1974) FRANCISCO CUOCO (EP)

    Demorou, mas tá aí!

    O ano da revelação, 1974. A estrela, Francisco Cuoco. Quando todos pensavam que o cara era apenas um mero coadjuvante na vida - um ator ôco dos arranjos de cast da Rede Globo -, ele aparece para uma reviravolta espetacular na carreira. Os bastiões da música popular agradecem aos céus e aos infernos por isso! Um movimento involuntário se torna a salvação. Se o Chico assim pensou, ou se apenas uma brincadeira era, o que importa é que esse EP de divulgação se transformou numa relíquia, que o MÚSICA DAS ANTIGAS traz à tona.

    O EP, que depois se converteria num LP repleto de tosqueiras, traz de um lado "Soleado", a clássica brega de todos os tempos, e de outro "Amo", parte de Aria (da Orchestral Suite No. 3) de Bach, ambas tendo como letras poemas do Helio Matheus ("Todo o Tempo do Mundo" e "Amo"), recitadas/gritadas/escarradas pelo nosso bardo.

    Pra cantar, digo, recitar junto...


    "Todo o Tempo do Mundo"
    (Helio Matheus)

    Hoje tenho tempo
    Tenho todo o tempo do mundo
    Para pensar em nós
    Para pensar em ti, em mim
    Em todas as pequenas coisas que fizemos
    Que até agora não entendo
    Por que te amo
    Te amo, e como te quero

    Me deito nas nossas manhãs
    E sinto o calor de nossos corpos juntos
    Formando um acorde maravilhoso
    Que nunca mais pude esquecer
    Recordas as imagens cheias de carícias
    E sussurros
    Quanto sinto, quanto te quero

    Tudo se acabou
    Tudo se acabou como tudo acaba quase sem querer
    Igual ao rio que se perde no mar
    Não, não
    Não foi culpa tua nem minha
    Por causa desse bobo orgulho
    Perdemos mil coisas boas
    Mil coisas boas

    Hoje tenho tempo
    Tenho todo o tempo do mundo
    E quanto mais penso
    Mais te adoro te desejo
    Tudo porque te amo
    Eu te quero
    Como te quero
    Como te quero 


    Faixas:

    01 Soleado (Todo o Tempo do Mundo)
    (Zacar - adapt.: Ray Giraldo)
    (versão e adapt.: Helio Matheus)

    02 Amo (Aria)
    (Bach)
    (versão e adapt.: Helio Matheus)

    linque

    BARTÔ GALENO - (1977) NO TOCA-FITA DO MEU CARRO

    Simplesmente, Bartô...

    Bartolomeu da Silva nasceu em 1950, na Paraíba, mas foi criado na cidade potiguar de Mossoró. Lançou seu terceiro disco, "No Toca-Fitas do Meu Carro" - que o MÚSICA DAS ANTIGAS tem o prazer de compartilhar -, no fim da década de 70, e a canção-título é um de seus maiores sucessos até hoje. "Só Lembranças", seu disco de 75, emplacou "Cadeira Vazia" e "Amor Vagabundo", ambas divididas com Carlos André, seu parceiro mais freqüente. Em mais de 20 anos de carreira romântica, foi regravado pelos Trios Irakitan e Nordestino, além de ter varrido o país com outro hit, "Amor Com Amor Se Paga".


    (Fonte: iMusica.)


    Faixas:

    01 No Toca-fita do Meu Carro
    02 Novamente
    03 Que Amor Danado que Arranjei
    04 O Grande Amor da Minha Vida
    05 Você Vai se Arrepender
    06 Pense, Meu Bem
    07 Adeus, Solidão
    08 Não Vou Voltar Atrás
    09 Você Me Pertence
    10 Lembranças do Rei
    11 Velhos Tempos
    12 Seja o que for
    13 Amor e Desprezo
    14 Maria, Maria

    linque

    quarta-feira, 16 de maio de 2007

    BARROS DE ALENCAR - (2000) GRANDES SUCESSOS

    "Alô, mulheres, segurem-se nas cadeiras!"

    Essa é uma das frases desta figura mitológica que os mais distraídos só conheceram como apresentador e locutor de rádio. Para os mais inteirados, o MÚSICA DAS ANTIGAS traz o Barros de Alencar cantor, numa coletânea das melhores, embalando os sucessos que fizeram uma geração cantar.

    Os destaques aqui vão para "Apenas 3 Minutos", o hino brega "Soleado" e a clássica "Prometemos Não Chorar" - aquela do cara dando o fora numa dona no telefone e ela acabando num choro lamentável, e que rendeu paródias e paródias nas paradas populares deste Brasilzão.

    Não dá pra entender porquê - ou talvez por este fato mesmo (de serem populares) - essas coisas ficaram no limbo da história. ...Mas quem faz a história? Estamos aqui pra isso!


    Faixas:

    01 Meu Amor
    02 Noites
    03 Meu Amor É Mais Jovem Do Que Eu
    04 Quem É?
    05 Natali
    06 Estou Ficando Louco
    07 O Maior Amor Do Mundo
    08 Apenas Três Minutos
    09 Não Vá Embora
    10 Os Homens Não Devem Chorar (Nova Flor)
    11 Soleado
    12 Ansiedade
    13 Emanuela
    14 Olhos Tristes
    15 Ana Cristina
    16 Quero Beijar-te As Mãos
    17 A Despedida
    18 Prometemos Não Chorar
    19 Namorados


    quinta-feira, 10 de maio de 2007

    FRANCISCO CUOCO - (1977) DUAS VIDAS

    Pra quem não conhecia a faceta cantor do galã Francisco Cuoco, taí a chance... Pra quem ouviu "Soleado" (lançado num compacto simples pela RCA, em 1974) e esperava por outras raridades, essa é pra se esbaldar. Mas, se alguém disse "cantor", foi um lapso! Francisco Cuoco não canta(!), e nunca cantou. Assim como nunca foi ator...(?)...(!)

    O compacto "Duas Vidas" traz uma combinação perfeita de uma música da parceria Baden e Vinícius, da faixa título, de um lado, e o hit brega dos 70' "My Life", à la Michael Sullivan, em "Vida", época em que o Brazil deslumbrado cantava em inglês. As letras são impagáveis!

    É lama da mais alta qualidade! Presentão de Dia das Mães!


    Faixas:

    01 Duas Vidas (Poema de Hélio Matheus / Música "Deixa", de Baden e Vinícius)
    02 Vida (Poema de Sílvio César / Música "My Life", de Richard Lee, Michael Sullivan e Mark)

    linque

    domingo, 6 de maio de 2007

    ODAIR JOSÉ - (1977) O FILHO DE JOSÉ E MARIA

    Além de ter sido censurado na época, com a música “Páre de Tomar a Pílula”, o estilo de falar abertamente de sexo nas canções levou Odair José a ser excomungado pela igreja católica, por uma composição que falava de amor e pregava que não era preciso estar casado no papel.

    Após o incidente, Odair José resolveu lançar o disco “O Filho de José e Maria”, e todo mundo disse que ele havia ficado maluco. Ele escreveu várias canções que falavam de cada fase da pessoa, “a primeira é quando a pessoa nasce e vai até a última que é quando o cara morre”, declarou José.

    O disco ficou conhecido como uma ópera-rock, ou também como o álbum progressivo de Odair José. A igreja não gostou, porque achavam que o disco falava de Jesus Cristo, e também tinha uma música que contava a história de um homem que ficava doidão e outra que ele não sabia se era bicha ou macho. Era um disco pra ser tocado em teatro, e não para tocar num clube, ou nos inferninhos onde os espectadores ouviam o show enchendo a cara de cachaça. Esse disco não foi vitorioso comercialmente, mas foi um disco muito bem feito.

    A inspiração para este álbum partiu dos livros do escritor Kalil Gibran, com “O Profeta”, e a vontade de montar uma banda de garagem com um som cru e rasgado, bem rock’n’roll.


    (Fonte: Eu Ovo.)


    Faixas:

    01 Nuca mais
    02 Não me venda grilos (por direito)
    03 Só pra mim, pra mais ninguém
    04 É assim
    05 Fora da realidade
    06 O casamento
    07 O filho de José e Maria
    08 O sonho terminou
    09 De volta às verdadeiras origens
    10 Que loucura

    linque

    ODAIR JOSÉ - (1973) ODAIR JOSÉ

    "Música de baixa qualidade". "Superstar". "Artista de mau gosto". "Sexo, drogas e rock'n'roll". "Idolatria juvenil". "Canções de amor". "Sucesso popular". "Hormônios em ebulição". Decifrar um artista pop é como lapidar uma pedra preciosa em que cada polimento revela uma nova superfície. Nelas, é possível ver tudo, céu e inferno numa mesma camada, refletindo as ansiedades de quem vê. Como Elvis, Beatles, Roberto Carlos, James Brown, Ramones, RPM, Madonna, Metallica, Mamonas Assassinas ou Eminem, Odair José também atraiu amor e ódio em sua longa caminhada - cravando sucessos no imaginário popular que até hoje nos ajudam a refletir sobre a natureza de nossos preconceitos.

    Nos arquivos oficiais e nas enciclopédias de música, o goiano Odair José não ocupa sequer o espaço de um verbete. Na exceção à regra, "Eu Não Sou Cachorro, Não", livro do baiano Paulo César de Araújo, ganhou um capítulo. Nas pastas da censura militar, é freqüentador assíduo, com letras condenadas por, como lembra o compositor, "cantar o amor da cama, não o do portão". Já na memória auditiva do "Baixo Brasil", onde sua ausência de diploma não o impediu de virar Ph.D. em comportamento e sentimento populares, tem lugar cativo com "Uma Vida Só" (ou "Pare de Tomar a Pílula"), "Eu Vou Tirar Você Desse Lugar" e "Deixa Essa Vergonha de Lado", sucessos do início dos anos 70, quando, depois da fase de seguidor de Roberto Carlos, passou a olhar o Rei de lado, não mais de baixo para cima. Naquele momento, classificado de Bob Dylan da Central do Brasil, também reinava.

    O compositor ferveu na fase aquecida da repressão militar e da indústria fonográfica. A venda de discos passou, entre 1970 e 1976, de 25 milhões de unidades para 66 milhões. O consumo de toca-discos também explodiu no período. Isso significa que as classes C e D, antes adeptas sobretudo do rádio, passaram a ser compradoras de LPs. E ajudaram na consagração de muitos intérpretes e cantores de fora do panteão da MPB e do tropicalismo.

    Odair nasceu em Morrinhos, Goiás, e foi crooner de banda na adolescência, em Goiânia, até conhecer Roberto Carlos, aos 18 anos, em 1967, nos bastidores de um baile em que ambos cantaram. Estimulado pelo ídolo, que é uma de suas principais referências assumidas (ao lado de Altemar Dutra, Anísio Silva e Peter Frampton), mudou-se para o Rio de Janeiro. Sem dinheiro, morou na rua. Foi abrigado pelo compositor Ataulfo Alves, sobreviveu como cantor de boate, conviveu com o sambista Zé Ketti, conheceu a dor da gente simples. A partir de 1970, emendou sucessivas gravações, ganhou o mercado latino, injetou guitarras e pianos incomuns para suas derivações do bolero, foi vaiado com Caetano Veloso em um show (o Phono 73) no qual dividiram o palco e montou uma inventiva e fracassada ópera-rock.

    Suas letras, dotadas de realismo direto, nasceram da experiência inicial no Rio. "Amadureci um ano em um dia ao observar a vida das pessoas com quem convivia no centro e na Lapa", lembra, com seu ar tímido e olhar tristonho, expressão de um assumido estado de solidão e melancolia. "Não sou compositor, mas um observador. Meus assuntos existem, não preciso inventá-los. Eu apenas faço música com a vida alheia e ela às vezes é dolorida", filosofa.

    O historiador Paulo César de Araújo, autor do livro "Eu Não Sou Cachorro, Não", sobre os vetos dos militares aos compositores rotulados de bregas, trata Odair como transgressor. Em um momento de repressão, ele não teve papas na língua. Suas letras foram vetadas por tratar de sexo ("Em Qualquer Lugar": A gente ama até demais/e quando tem um grande amor/a gente faz em qualquer lugar), de drogas ("Viagem": Venha comigo em minha viagem/não se preocupe/eu tenho as passagens), homossexualidade ("Forma de Sentir": Sei que és entendido e vais entender/que eu entendo e aceito tua forma de amor) e religião ("Cristo, Quem É Você?": Lhe procurei/fui à sua casa/mas lá não lhe encontrei). Nenhuma metáfora.

    Nenhuma canção de seu repertório repercutiu tanto quanto "Uma Vida Só", ou "Pare de Tomar a Pílula" (Pare de tomar a pílula/porque ela não deixa nosso filho nascer). A letra caiu na boca do povo, mas chegou a ser proibida por algum tempo, por contrariar o governo. "O regime militar patrocinava a entidade Bemfam, que desenvolvia campanha de controle de natalidade nas famílias de baixa renda, e se empenhava na farta distribuição de anticoncepcionais", escreve Araújo em "Eu Não Sou Cachorro, Não". O cantor desobedeceu à proibição em shows, a pedido do público, e foi parar na delegacia por atender o povo. Odair liderou a lenta transfomação do pudor brasileiro nos anos 70 (acompanhado pelas pornochanchadas, pelo jornal Pasquim, e por Leila Diniz), ao mesmo tempo que dominava as ondas do rádio e lhe imputavam o título de "cantor das empregadas domésticas", como se isso fosse um demérito.

    Aprisionado nas últimas duas décadas na cela pulverizante do brega, Odair está virando cult para uma nova geração vacinada contra elitismos redutores, que não fica cega e surda para manifestações não consumidas pela elite. O tributo Vou Tirar Você Desse Lugar (título de seu histórico compacto, sucesso fenomenal em 1972), com 22 músicas gravadas por ele interpretadas por artistas do cenário pop e rock atual, foi lançado em agosto de 2005 acendendo velas para ressuscitá-lo do limbo mercadológico.


    Fontes: Revista Bizz (Alexandre Matias, Abril de 2006) e Revista Época ("Do brega às cabeças", Cléber Eduardo, Junho de 2005).


    Faixas:

    01 Deixe essa vergonha de lado
    02 Os anjos
    03 Eu, você e a praça
    04 E ninguém liga pra mim
    05 De repente
    06 Uma vida só [Pare de tomar a pílula]
    07 Revista proibida
    08 Eu sinto pena e nada mais
    09 As noites que você passou comigo
    10 Quem é esse rapaz?
    11 Cade você?
    12 Que saudade de você

    linque

    sexta-feira, 4 de maio de 2007

    ODAIR JOSÉ - (1974) LEMBRANÇAS


    O MÚSICA DAS ANTIGAS traz o velho Odair José na sua melhor fase... Depois do lançamento no ano anterior (1973) do antológico "Odair José", que causou impacto - inclusive por sofrer ataques da censura (!) - "Lembranças" continua a série de boas canções. Indo do romantismo de "A Saudade Vai Mexer Com A Gente", "Noite dos Desejos", além da faixa título "Lembranças", a sutis críticas à vida privada como "Cotidiano Nº 2", há no repertório algumas pérolas de Donizette, como "A Noite Mais Linda Do Mundo (Felicidade)", até a famosa e inusitada parceria com Gil, "Amantes". É de cortar o coração...


    Faixas:

    01 Lembranças
    02 Noite de desejos
    03 A saudade vai mexer com a gente
    04 Alegria triste
    05 Amantes
    06 Barra pesada
    07 Cotidiano Nº 2
    08 Você que já foi tudo para mim
    09 Eu ainda te amo
    10 Seja o que Deus quiser
    11 Eu preciso de você
    12 A noite mais linda do mundo (Felicidade)

    linque

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