Será possível a quem não viveu, sentir a nostalgia do Rio nos anos 50? Poderá "recordar" aquelas noites adentro clicadas nas reportagens do Cruzeiro e Manchete, nos escritos adoráveis de Antonio Maria e Fernando Lobo, no som e na fumaça que se espalhavam pelo Vogue e o Midnight de Copacabana? São papos, copos e mesas de bar carimbados pela voz dessa cantora elegantíssima, de fazer inveja a qualquer outra.
Nora Ney. Haverá nome mais inesquecível? E haverá voz que melhor conquiste instantaneamente? É o que cantoras de todas as épocas perseguiram inutilmente desde que começaram. Nora teve os ingredientes para ir fundo logo de cara. Ninguém como ela reúne timbre e dicção para traçar a forma de uma canção com tanta intensidade.
Essa voz é o marco de um estilo. Nora Ney é a primeira que interpreta com intimidade, que faz a letra da música e as letras das palavras chegarem bem perto do seu ouvido, que transforma o ato de cantar numa forma de dizer melodiosamente, e deixar - como deixou o país inteiro em 1952 - amarrado às suas músicas. Fica-se preso a uma sua interpretação, seca e direta, destituída por completo de artifícios, naturalmente diferente de tudo o mais.
Essa artista, de personalidade forte e singular, é ainda capaz de fulgurar como só fazem na sua idade grandes cantoras do mundo. A voz do estilo que fez escola. O estilo foi apelidado de fossa. Na verdade, Nora Ney institui a escola do caso de amor na canção brasileira.
(Texto de Zuza Homem de Mello - abril de 1987.)
Faixas:
01 Por Incrível Que Pareça
02 Deixe A Chave
03 Calçadas
04 Vôo Sem Destino
05 Quero Que Volte
06 Pot-Pourri - Esses Moços (Pobres Moços) / Nunca / Vingança
07 Tempestade De Saudade
08 Tanta Cidade
09 Meu Cantar
10 Sem Medo De Amar
11 Só Saudade
12 Último Desejo
linque
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