Orlando Dias, nascido na cidade de Recife (PE), em 1º de agosto de 1923, foi um cantor e compositor diferenciado e muito polêmico, cujo principal sucesso foi "Tenho Ciúme de Tudo". Gravou também músicas de apelo bem popular como "Com Pedra na Mão" e "Coração de Pedra". Orlando Dias é mais um dos cantores que depois de fazer muito sucesso nos anos 60, 70 e 80, tem seu nome esquecido pelos letrados em música. É por isso, também, e pelo muito que ele fez pela música popular do Brasil, que sempre recebeu merecidas homenagens. Ao lado de Altemar Dutra e Agnaldo Timóteo, Orlando Dias foi seguramente detentor de maior prestígio na gravadora Odeon. Seus discos, sempre esmerados pela produção que os envolviam, estavam entre os mais vendidos do Brasil, ganhando destaque no rádio e na tevê, rendendo fama e prestígio junto ao público que lhe consagrou como um dos maiores intérpretes de boleros.
Na década de 60, quando Waldick Soriano, ao lado de Teixeirinha, era estrela da gravadora Chantecler, Orlando Dias disputava fatia importante no mercado, como figura que podia disputar espaço de igual para igual com Waldick. Os dois eram superpopulares, e sempre com manias inusitadas para ganhar manchetes nas revistas especializadas, bem como na extinta Revista do Rádio. Waldick não escondia de ninguém que era "machão", fazendo uma linha elegante, mas que logo foi interpretada como cafona; enquanto que Orlando Dias, sem reservas, abria as portas da sua casa para receber a imprensa e mostrar sua coleção de bonecas, o que deixava seus fãs um pouco desapontados.
O nome verdadeiro de Orlando Dias era José Adauto Michiles, com o qual assinou centenas de composições. Não teve filhos, mas seu estilo foi copiado por dezenas de cantores que buscavam inspiração, principalmente, no gênero dramático de interpretar canções que quase sempre retratavam amores fracassados e ciúmes doentios. "Perdoa-me Pelo Bem Que Te Quero", "Mentiste-me" e "Tenho Ciúmes de Tudo" são músicas consagradas na voz do cantor pernambucano. Certamente, vivas na memória dos fãs.
A canção "Tenho Ciúmes de Tudo", marco inconteste na carreira do cantor, gravada em 1961, para o jornalista Rodrigo Faour (autor da biografia do cantor Cauby Peixoto), era "horrenda". O jornalista, entre "Deus Me Livre!", disse ainda, em 2000, que mais de cinco músicas de Orlando Dias ninguém conseguia ouvir. O que é lamentável, no entanto suficientemente compreensível, dado ao gosto pessoal que cada um tem e que deve ser respeitado, afinal, nem todo crítico é como Artur da Távola, que disse para Roberto Dávila: "Deus me fez insuportavelmente eclético. Ouço e gosto de tudo que é música". A mesma canção ganhou, nos anos 70, uma interpretação pungente do eclético Caetano Veloso.
Orlando Dias faleceu aos setenta e oito anos, em 11 de agosto de 2001. Orlando Dias sofria de mal de Parkinson, mas morreu vítima de infarto. Ele estava em casa, na Ilha do Governador, zona norte do Rio (RJ), quando começou a passar mal, por volta das catorze horas. A irmã, a também cantora Maria Creuza, ainda tentou levá-lo ao hospital, mas o cantor não resistiu. Orlando Dias era viúvo, não tinha filhos e morava com Maria Creuza.
(Fonte: Memorial da Fama - revisada.)
Faixas:
01 Tenho Ciúme De Tudo
02 Perdoa-Me Pelo Bem Que Te Quero
03 Eu Te Quero Tanto
04 Minha Serás Eternamente
05 Nunca Mais
06 Espera Um Pouco Mais
07 Que Me Importa?
08 Ninguém Gostou De Alguém Como Eu Gosto De Ti
09 Minha Serenata
10 Tu Hás De Pensar Em Mim
11 A Minha Vida É Um Tormento
12 Vem Pra Junto De Mim
13 Luz De Minha Vida
14 Sonhar Contigo
15 Com Pedra Na Mão
16 O Adeus De Um Suicida
17 O Direito De Amar
18 Tu És O Meu Mais Puro Amor
19 Sinfonia Da Mata
20 Mentiste-Me
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