(...) Oswaldo Bezerra nasceu em Pernambuco. Mas, como muitos, foi ganhar o mundo. Viveu no Rio de Janeiro (RJ) na época dos discos de 78 rotações. Conheceu Ari Barroso e Ângela Maria em antigos programas da Rádio Tupi. Quando enviuvou, arribou para Belém (PA). E foi ser cantor lá pelos lados da Condor.
O Bar São Jorge era um dos redutos. Época de boemia. De amores prostitutos, luzes amortiçadas. Um dia alguém o ouviu cantar. Convidou-o a gravar um disco. Estúdio pequeno, quatro canais. O que não se apequenou foi a alcunha forjada. Bezerra tascou como título do disco “Oswaldo Bezerra, o rei do brega”. Era meados dos anos 70. “O brega é um estilo de música que eu criei para o povão - que eu chamo de classe média”, diz.
(...) Bezerra é um dos autores da clássica “Dama de Vermelho”, imortalizada por Waldick Soriano. A ideia foi bem absorvida por Reginaldo Rossi, alguns anos depois. “Garçom, por favor, uma cerveja/Eu hoje resolvi me embriagar/Eu hoje vou beber de mesa em mesa/Eu hoje vou andar de bar em bar/Garçom, por favor, outra cerveja/Não tire a conta/Porque não posso pagar/Se você insistir, eu viro a mesa/Chame esta dama de vermelho pra dançar...”. Qualquer semelhança com ‘Garçom’, de Reginaldo Rossi...
“Tinha um rapaz bom que tocou comigo, acho que o nome dele era Evandro. Depois ficou famoso como Chimbinha”, conta, enquanto pede um café na feira. Outro que recebe elogios é Aldo Sena, que mais tarde se tornaria ‘mestre da guitarrada’. Bezerra o levou para tocar no sudeste, quando chegou a ser acompanhado nada mais nada menos que pelos Pholhas.
Em Belém (PA), Bezerra separou da mulher. Como não queria se ver como personagem de uma letra de brega, decidiu ir embora. Acabou batendo perna até Livramento, uma cidadezinha distante doze horas de Salvador, na Bahia. Lá, no sossego, havia abandonado a música.
Aposentado, vivia tranquilo das pequenas e grandes lembranças. Até receber um telefonema da dupla José Maria Vieira e Francisco Weyl. Os dois estão envolvidos na produção do documentário “Brega Rota 70”, que pretende justamente resgatar o cotidiano musical desse estilo bem ligado ao Pará.
Época em que ser brega estava longe da aura cult que tomou conta de Belém (PA), mas que sempre esteve ali, nas frestas e festas. Oswaldo Bezerra tem uma canção que fala justamente disso. “O Falso Bregueiro” ironiza os que dizem não gostar de brega, mas volta e meia se pegam cantando um clássico do estilo. “Saturados, os mercados fonográficos e televisivos buscam novos produtos para conquistar o gosto do público. E Belém (PA) virou a bola da vez. O ‘brega paraense’ finalmente se tornou ‘cult’. Seus novos rumos lhe garante entradas triunfais nas grandes emissoras nacionais. Entretanto, há que se refletir sobre a trajetória desse ritmo que é também dança, estilo e comportamento social”, teoriza Weyl.
Bezerra faz parte de outro universo. Diz que a música cantada por ele é para dançar e ouvir. “Não é essa coisa de arrocha. Aquilo daquele menino, como é o nome dele? (fica testando nomes até chegar em Michel Teló). Aquilo não é música não, essas coisas de duplo sentido. Minha música é mais verdadeira, romântica”, diz. Palavra de rei.
(Fonte: Diário do Pará - adaptada.)
01 Meus Agradecimentos
02 Aventureiro Da Paz
03 Mulher De Qualquer Um
04 Sai Da Frente
05 Ilha Do Marajó
06 Segue-Me
07 Aventureiro Do Amor
08 Indecisão
09 Traição
10 Pesca De Camarão
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